1# experiência – objeto

Entre os meses de abril e maio, observamos o ranqueamento de livros gerais do site Publishnews, embora a coleta de dados não esteja terminada, podemos comentar e desenvolver algumas hipóteses teóricas sobre o objeto escolhido.

A primeira reflexão está relacionada pelos motivos de fazemos uma análise sobre ranqueamento. A nossa ideia inicial (relativa à pesquisa de doutorado A experiência da leitura no período algorítmico: a modulação das narrativas literárias) era observar quais livros estavam em primeiro e como eles se dinamizavam entre o 1º lugar e o 5º lugar no ranking. Como resultado, tivemos livros que nestes dois meses ocuparam a mesma posição e livros que estiveram presente, porém poucas semanas.

 O que essa experiência inicial colaborou para nossa pesquisa?

A dinâmica de acompanhar uma lista semanalmente nos causou a reflexão de que o ranking não era apenas nosso único dado. A nossa pesquisa também fazia parte da constituição discursiva verticalizante do que é ranquear.  

Os livros se tornarem aos nossos olhos especiais e únicos, efeitos necessários para lógica hierarquizante das informações: uma quantidade de dados esparsos em categorias que são constituídas por norma de outros que classificam suas informações por interesses específicos.

Ranquear objetos sempre existiu, com o desenvolvimento do liberalismo na revolução industrial, tivemos um reforço dessa prática na sociedade. No entanto, ranquear objetos no período técnico-cientifico-informacional (SANTOS, 2014) passou a ter a ideia de desempenho.

Não sentimos e nem enxergamos que estamos em contínua produtividade porque estamos mergulhados em um momento que imagens, números e rendimentos são bases da nossa interação e aceitamos que isso se torne natural, logo parte da extensão do nosso pensamento: seria a maravilha de poder ligar a televisão apenas com o poder da mente, porém com auxílio da linguagem programacional.

Fomos ratinhos de laboratório, nesse sentido mesmo cruel e violento da experiência, porque não percebemos que este processo quantitativo feito por nós também era provocado pelo efeito do afastamento da sociabilidade: passamos analisar números, uma vez que o objetivo de ranquear é hierarquizar, colocar o que está mais acima dentro da lógica do desempenho.

Por outro lado, também não queremos formar binarizações. Estamos integrados na cultura digital que se constitui porque nós a moldamos e possibilitamos que ela circule em suas diversas esferas. Estamos em um processo líquido das relações sociais e afetivas, por isso desenvolver uma ideia dentro das particularidades quantitativas demonstra que estamos em alerta e em processo crítico da consciência porque algo ali nos incomoda, seja pela inquietude fáustica ou prometeica ou os dois. Como dito anteriormente, ranquear sempre existiu, porém estamos em um outro discurso.

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Colocar quaisquer objetos em dados não é um processo que vai desaparecer. Aliás, a ciência utiliza dessa afirmação e do modelo para se legitimar.

A informação (independente do seu formato) é o novo petróleo. Somos atravessados por dados, por luzes estridentes e pela ideia de rendermos nos lugares que ocupamos. Aliás, os livros que estiveram presentes nas listas do Publishnew possuem temática direcionada para a superação do seu eu, das fronteiras físicas e espirituais dos espaços ocupados, e também do próprio sentimento de afetividade.

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No livro Sociedade do Cansaço, Byung-Chu Han aborda a violência psíquica que estamos sofrendo. A violência neuronal de que o Foucault não pode perceber em suas análises e que hoje provoca a autosabotagem dos indivíduos e o afastamento dos seus prazeres e da sua consciência crítica […]

Continua em a #2 experiência