(In)definição do objeto editorial

Inicialmente, pensar no(s) objeto(s) editorial(is) que mobilizarei na minha pesquisa trouxe-me alguns questionamentos, principalmente por considerar que um objeto editorial se trataria exclusivamente de um documento que tivesse determinada rigidez – conforme as especificidades de cada gênero – e, principalmente, que fosse chancelado por um editor, devidamente especializado para tal.

No entanto, o que anda me incomodando são as manifestações, aparentemente pouco editadas, ao meu ver, que são publicadas nas redes sociais por todo aquele que se propõe a fazê-lo. Em meus devaneios, acredito ainda que poucos se pensam como editores do próprio post. Mas, mais uma vez, trata-se de uma hipótese, pouco fundamentada.  

Ainda que na fase de tateamentos referentes aos objetos editoriais que devo mobilizar, pretendo analisar o fenômeno denominado firehosing, recentemente retomado em virtude das eleições presidenciais no Brasil e nos Estados Unidos. De acordo com o cientista social americano em 2016, Christopher Paul, vinculado a uma instituição think tank*, sem fins lucrativos, Rand Corporation, em seu artigo “The Russian ‘firehose of falsehood”propaganda model“, quatro critérios configuram uma notícia como firehosing:

  1. grande número de canais e mensagens e uma vontade de disseminar notícias (parcialmente) falsas;
  2. ser rápido, contínuo e repetitivo;
  3. falta com o compromisso com a realidade;
  4. falta de compromisso com a consistência.

Em virtude disso, por ora, julgo importante começar a analisar as publicações realizadas nas redes sociais que se encaixam nos critérios acima, mas que, principalmente, são falsas ou parcialmente falsas. Entende-se, neste momento inicial, que são objetos editados com o propósito de ser tido como real e/ou verdadeiro e que convença uma significativa parcela da sociedade. Penso que ao longo desse trajeto, poderei ainda mudar o objeto, ou ainda, definir com mais clareza o objeto, especificamente. No momento, parto para a empreitada de pesquisar e delimitar esses objetos editoriais.

(*) De acordo com o wikipedia, “um think tank, laboratório de ideias, gabinete estratégico, centro de pensamento ou centro de reflexão é uma instituição ou grupo de especialistas de natureza investigativa e reflexiva cuja função é a reflexão intelectual sobre assuntos de política social, estratégia política, economia, assuntos militares, de tecnologia ou de cultura.”